Sequencias didáticas

 

FERNANDA LIMA

SEQUENCIA DIDÁTICA 

 PAUSA DE MOACYR SCLIAR

 

1. Público alvo: 8ª série/9º ano

2. Objetivo: que o aluno reconheça a tipologia narrativa, com ênfase em conto; explorar, desenvolver e ampliar capacidades de leitura.

3. Conteúdos: elementos da narrativa,  leitura de narrativas.

4. Competências e habilidades: inferir elementos da narrativa, reconhecer elementos da narrativa, analisar características do conto e desenvolver competência leitora.

5. Estratégias: análise e comparação  do conto em diferentes mídias (fime: Click (EUA, 2006) e o conto Circuito Fechado, de Ricardo Ramos), fazendo intervenções por meio de estratégias de leitura.

6. Recursos: Caderno do professor, livro didático, internet, áudio e vídeo

7. Avaliação: Leitura e análise de contos, usando questões que contemplem as estratégias de leitura, segundo Roxane Rojo.

8. 1. Comparação com outra mídia: o filme Click (EUA, 2006) retrata a importância de valorizar o tempo, de ter prioridades em certas decisões que influenciam a nossa vida. O protagonista encontra um controle remoto “mágico” com o qual ele consegue avançar o tempo na sua vida e automatizar certas decisões, caracterizando uma fuga. E no final... (quem fez o curso Letra e Vida, dentro da apostila, tem um texto, A bola mágica, que tem o mesmo contexto do filme)

8.2. Comparação com outra mídia: o conto Circuito Fechado, de Ricardo Ramos, através somente de substantivos retrata a rotina cansativa / repetitiva de um dia, e no outro dia, tudo acontece igual.

TEXTO: CIRCUITO FECHADO

Chinelo, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoadura, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio. Jornal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapo. Quadros. Pasta, carro. Mesa e poltrona, cadeira, papéis, telefone, agenda, copo com lápis, canetas, bloco de notas, espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, telefone. Bandeja, xícara pequena. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vale, cheques, memorando, bilhetes, telefone, papéis. Relógio, mesa, cavalete, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, bloco de papel, caneta, projetor de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, toalha, cadeira, copo, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone, revista, copo de papel, telefone interno, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, telefone, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesas, cadeiras, prato, talheres,copos, guardanapos. Xícaras. Poltrona, livro. Televisor, poltrona. Abotoaduras, camisa, sapatos, meias, calça, cueca, pijama, chinelos. Vaso, descarga, pia, água, escova, creme dental, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, travesseiro.

Ricardo Ramos. Circuito fechado: contos, 1978. Disponível em: https://elizabethlauzin.blogspot.com.br/2008/04/texto-circuito-fechado.html. Acessado em 23/05/2013 às 12:00.

8.3. Comparação com outra mídia: música Cotidiano de Chico Buarque. Assim como os textos anteriores mostra a rotina.

Cotidiano – Chico Buarque

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual: 
Me sacode às seis horas da manhã,

Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

8.4. Comparação com outra mídia: leituras variadas de O Pensador de Rodin. Intertextualidade com a pausa para pensar. Por que precisamos dessa pausa para pensar, para refletir? Por que o homem sente essa necessidade?

AQUI TERIA UMAS IMAGENS, MAS NÃO COLOU.  

9. Questões para serem trabalhadas com os alunos:

  • O que vocês entendem como pausa? O que vocês esperam de um texto com o título Pausa? O que vocês sabem do autor? Onde o texto foi publicado? Que gênero textual é esse? Quem seria o leitor alvo desse tipo?
  • Depois da leitura de alguns parágrafos do texto, responda: quem são as personagens? O autor apresenta características físicas ou psicológicas das personagens? Quais?
  • Diante do comportamento da mulher de Samuel, haveria uma suposta rejeição por parte do marido por ela ser mal humorada ou por ser desleixada?
  • Qual é o tema do texto?
  • Por que Samuel se refugia em um hotel pequeno e sujo todos os domingos para dormir?
  • Por mais que Samuel tente se isolar do mundo real, que atitudes são características da rotina do seu dia-a-dia?
  • Como é o sono de Samuel?
  • O título do texto sugere uma interrupção na rapidez com que as coisas acontecem na vida de Samuel. Que objetos, atitudes, situações ou sentimentos deixam claro essa pausa na vida dele?
  • Em que trecho do texto podemos perceber que a rapidez invadiu e mecanizou o cotidiano de Samuel? Que recurso linguístico o autor usa para mostrar a velocidade das ações do personagem?
  • Por que Samuel muda de nome?

 

10. Referências bibliográficas:

BUARQUE, Chico. (1999) Cotidiano in Chico e as Cidades. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FB4IaqWITB8  Acessado em 23/05/2013 às 12:15.

MARINHO, América A. C. & Silva, Zoraide I. Faustinoni da; Trabalho Diversificado – adaptado para o curso “Melhor ensino, melhor gestão” pela equipe de Língua Portuguesa.

RAMOS, Ricardo. Circuito fechado: contos, 1978. Disponível em:  https://elizabethlauzin.blogspot.com.br/2008/04/texto-circuito-fechado.htmlAcessado em 23/05/2013 às 12:00.

ROJO, R.m H. R. (2002) A concepção de leitor e produtor de textos nos PCN´s: “Ler é melhor que estudar”. In: M. T. A. Freitas & S. R. Costa (orgs) Leitura e Escrita na Formação de Professores, pp. 31-52. SP: Musa/UFJF/INEP-COMPED.

SCLIAR, Moacyr. Pausa. Disponível em: https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070504161711AAZxr0 Acessado em 26/04/2013.

 

 

FLÁVIA DE ALMEIDA

Sequencia Didática

OLHAR APURADO PARA A DIVERSIDADE

TEXTO: AVESTRUZ, DE MÁRIO PRATA

Público alvo: 6º ano

A PRÁTICA FUNDAMENTADA NA TEORIA

1)   Ativação de conhecimentos de mundo; antecipação ou predição; checagem de hipóteses.

 

Roda de conversa na sala de vídeo:

  • O que sugere o título do texto?
  • Sobre qual assunto o texto vai tratar?
  • Você conhece o animal avestruz? Quem poderia descrevê-lo?
  • Após a troca de ideias, algumas imagens e curiosidades sobre o animal serão expostas gerando uma nova troca de ideias.

 

2)   Localização de informações; comparação de informações; generalizações.

Depois da leitura, dialogar com os alunos perguntando:

  • Vocês gostaram do texto lido? Por quê?
  • Quem são as personagens? A avestruz é personagem?
  • Qual o tipo de narrador? Qual a relação do narrador com a personagem?
  • Onde o narrador e as personagens moram? É na mesma cidade? Como sabemos disso?
  • Como eles se comunicam? É comum comunicarmos por e-mail? Vocês usam o e-mail? Qual meio vocês usam na internet para se comunicar com seus amigos?
  • O narrador refere-se ao avestruz como “erro da natureza”? Por que ele acha isso? Como é uma avestruz?
  • Segundo o texto, quem é o culpado das avestruzes serem assim?
  • Você já ouviu falar de Adão? Que Adão é esse? Onde ele morava?
  • Como o narrador deveria levar a avestruz para São Paulo? Ele teria de comprar passagem? O que vocês acham? Como se transportam animais de avião?
  • Como o narrador consegue escapar de levar uma avestruz para São Paulo?
  • Vocês gostariam de ter uma avestruz como bicho de estimação? Por quê? E um urubu e cinco gaivotas?
  • Contem a história resumindo oralmente.

 

3)   Produção de inferências locais; produção de inferências globais.

  • Você já teve algum animal exótico sendo criado como bicho de estimação ou alguém que tenha criado, ou ainda já assistiu a algum programa que falasse sobre isso?
  • Como é utilizada a matéria prima do avestruz?
  • Identifique no texto pronomes ou substantivos através dos quais a avestruz é denominada?

 

4)   Recuperação do contexto de produção; definição de finalidades e metas da atividade da leitura.

  • Quem é o autor? Você já ouviu falar dele?
  • Qual é o título da crônica? Sobre o que fala? Em que época foi escrita?
  • Apresentar imagens.

 

5)Percepção das relações de intertextualidade; percepção das relações de interdiscursividade.

  • Texto: Reforma da Natureza, de Monteiro Lobato.

O Reformador da Natureza Américo Pisca-Pisca tinha o hábito de botar defeito em todas as coisas. O mundo para ele estava errado e a Natureza só fazia tolices. - Tolices, Américo? - Pois então?!... Aqui neste pomar você tem a prova disso. Lá está aquela jabuticabeira enorme sustendo frutas pequeninas e mais adiante vejo uma colossal abóbora presa ao caule duma planta rasteira. Não era lógico que fosse justamente o contrário? Se as coisas tivessem de ser reorganizadas por mim, eu trocaria as bolas - punha as jabuticabas na aboboreira e as abóboras na jabuticabeira. Não acha que tenho razão? E assim discorrendo Américo provou que tudo estava errado e só ele era capaz de dispor com inteligência o mundo. 2

3. A REFORMA DA NATUREZA - MONTEIRO LOBATO - Mas o melhor - concluiu - é não pensar nisso e tirar uma soneca à sombra destas árvores, não acha? E Américo Pisca-Pisca, pisca-piscando que não acabava mais, estirou-se de papo para cima à sombra da jabuticabeira. Dormiu. Dormiu e sonhou. Sonhou com o mundo novo, inteirinho reformado pelas suas mãos. Que beleza! De repente, porém, no melhor do sonho, plaf! uma jabuticaba cai do galho bem em cima do seu nariz. Américo despertou de um pulo. Piscou, piscou. Meditou sobre o caso e afinal reconheceu que o mundo não estava tão mal feito como ele dizia. E lá se foi para casa, refletindo: - Que espiga! ... Pois não é que se o mundo tivesse sido reformado por mim a primeira vítima teria sido eu mesmo? Eu, Américo Pisca- Pisca, morto pela abóbora por mim posta em lugar da jabuticaba? Hum! ... Deixemo-nos de reformas. Fique tudo como está que está tudo muito bom. E Pisca-Pisca lá continuou a piscar pela vida em fora, mas desde então perdeu a cisma de corrigir a Natureza. Ao ouvirem Dona Benta contar essa fábula todos concordaram com a moralidade, menos Emília. - Sempre achei a Natureza errada - disse ela - e depois de ouvir a história do Américo Pisca-Pisca, acho-a mais errada ainda. Pois não é um erro fazer um sujeito pisca-piscar? Para que tanto "pisco"? Tudo que é demais está errado.

  • Texto: Marcelo, martelo, marmelo e outras histórias, de Ruth Rocha.
  • Apresentação dos vídeos: O avestruz do Donald  e Turma do Pica Pau.

 

5)   Percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações estéticas e/ ou afetivas; elaboração de apreciações relativas à valores éticos e/ ou políticos.

 

  • O que você achou do pedido feito pelo menino?
  • A mãe fez bem em atender o pedido do filho?
  • Você concorda com o argumento da mãe responsabilizando o narrador pelo desejo do filho?
  • E o argumento do narrador para dissuadir o garoto da ideia de levar uma avestruz para um apartamento foi convincente? Explique.
  • Imagine que você fosse incumbido de convencer o menino a desistir da avestruz. Que argumentos utilizaria para isso?
  • Que problemas um animal da parte de uma avestruz pode causar ao ser criado em um apartamento?
  • Que passagens do texto, em sua opinião, revelariam de forma mais acentuada a presença do humor?
  • Qual seria a sua reação se você recebesse em sua casa um presente como esse?

 

6)   Percepção de outras linguagens; elaboração de apreciações e ou afetivas.

  • O que você achou do pedido feito pelo menino?
  • A mãe fez bem ao atender o pedido do filho?
  • Você concorda com o argumento da mãe responsabilizando o narrador pelo desejo do filho?
  • E o argumento do narrador para dissuadir o garoto da ideia de levar uma avestruz para um apartamento foi convincente? Explique.
  • Imagine que você fosse incumbido de convencer o menino a desistir da avestruz. Que argumentos utilizaria para isso?
  • Que problemas um animal da parte de uma avestruz pode causar ao ser criada em um apartamento?
  • Que passagens do texto em sua opinião revelariam de forma mais acentuada o humor?
  • Qual seria sua atitude se recebesse em casa um presente como esse?

 

 

Referências

PRATA, Mário. Avestruz. 5 série/ 6 ano- vol. 2 Caderno do aluno (p.9) e Caderno do Professor p.18.

ROJO, Roxane. Letramentos múltiplos, escola e inclusão social. São Paulo: Parábola Editorial, 2009.

LOBATO, Monteiro. Reforma da Natureza.

ROCHA, Ruth. Marcelo, marmelo, martelo e outras histórias. 2 ed. São Paulo: Salamandra, 1999.

 

 

IEDAMARIA

Situação de Aprendizagem :  Foco em leitura

 

Texto: Avestruz - Mário Prata

Público alvo - 6° ano

Objetivo: reconhecer a tipologia narrativa, com ênfase em crônica.

Conteúdos e temas: coerência textual, entonação na leitura de texto narrativo.

Competências e habilidades: inferir traços da narrativa a partir de situações cotidianas, analisar e reconhecer a estrutura de textos narrativos.

Estratégias: levantar conhecimentos prévios; aproximação do conteúdo com a realidade do aluno; comparação com textos de outros gêneros.

Recursos: Caderno do professor, recursos audiovisuais.

Avaliação: Leitura e análise da narrativa utilizando-se de questões pertinentes às estratégias de leitura.

 

Antes da leitura
 

1. O que se espera de um texto cujo título é “Avestruz”?

Você já viu um avestruz?

2.Você conhece a expressão “fulano tem estômago de avestruz”?

3. Você tem um animal de estimação? Que animal? Como ganhou?

4- Como seria ter um avestruz como animal de estimação?


Durante a leitura

1.Leitura compartilhada dando ênfase à pontuação, entonação.

2. Houve confirmação de suas expectativas após a leitura?

3- Houve palavras que dificultaram a compreensão do texto? Quais? Como fez para resolver?


Após  Leitura

1- Você achou o texto interessante? Por quê?

2- O que você conhece a respeito do autor do texto?

3- Por que você acha que o garoto cismou em ter um avestruz como animal de estimação?

4. Você gostaria de ter um avestruz como animal de estimação? Por quê?

5- Um apartamento é um lugar adequado para se criar um avestruz?

6. Por que o garoto desistiu de ter um avestruz e se interessou por gaivotas e urubus? Você também teria essa atitude?

7. Retire do texto as seguintes informações referentes ao avestruz:

•Nome científico:

•Peso:

•Altura:

•Filhotes:

•Expectativa de vida:

8- Por que o narrador aconselhou a mãe do garoto a levá-lo a um psicólogo?


 

  Leia o poema a seguir e, em seguida,  assista ao vídeo:
 

          O avestruz

 

O galo cantou
A ovelha despertou
E estava com fome!

O avestruz esperto
Papou tudo que
havia por perto.

 

Comeu melancia

Feijão e ervilha
Tomate, capim
E a boneca da menina.
 

O galo brigou

A menina chorou
O avestruz esperto,
Da confusão escapou.

 

https://deversoemversos.blogspot.com.br/2012/10/o-avestruz.htmlAcesso em 02 de maio de 2013.


            Vídeo Turma do Pica- Pau : O ovo de avestruz e eu

Vídeo retirado https://www.youtube.com/watch?v=MHw5nnrsYAw

 

 

9- Quais as diferenças entre um texto poético e um texto narrativo?

10- Quais as semelhanças e diferenças encontradas na crônica “Avestruz”, no poema “O Avestruz” e o vídeo?



 

Referências Bibliográficas

 

ROJO, RoxaneLetramento e capacidades de leitura para a cidadania. São Paulo: SEE: CENP, 2004.

SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto alegre: Artes médicas, 1998.

A ocasião faz o escritor: Caderno do Professor: Orientação para produção de textos ( Coleção da Olimpíada) São Paulo-Cenpec,2010.

Youtube.

 

 

 

O publico alvo dessa sequencia didática são alunos de 8º e 9º ano, e tem por objetivo fazer com que os alunos reconheçam a tipologia narrativa e desenvolvam sua competência leitora

 

FLÁVIA OLIVEIRA

ESTUDO DO TEXTO

PAUSA”

Moacyr Scliar

 

ANTES DA LEITURA

Ativação do conhecimento prévio do aluno

O quê você sabe sobre o autor desse texto?

E quanto ao  gênero crônica?

O que o título do texto lhe sugere?

 

DURANTE A LEITURA

 Leitura pausada, com o objetivo de chamar a atenção dos alunos para o desdobramento do texto.

                        a) O que a fala da mulher sugere no texto?

                        b) Você acredita que o homem realmente vai trabalhar? Justifique sua resposta.

           

O PAUSA

Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu,bocejando:— Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura.— Todos os domingos tu sais cedo — observou a mulher com azedume na voz. — Temos muito trabalho no escritório — disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: — Por que não vens almoçar?— Já te disse; muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga. Samuel pegou o chapéu:— Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessa quieta. Como pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:- Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... - Estou com pressa, seu Raul - atalhou Samuel. - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. - Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:- Aqui, meu bem! - uma gritou, e riu; um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a umcanto, uma bacia cheia d'água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa. Perseguidopor um índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nascostas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados; índio acabara de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em sangue, molhado de suor. Samuel tombou lentamente:ouviu o apito soturno de um vapor. Depois, silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.- Já vai, seu Isidoro?- Já - disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.- Até domingo que vem seu Isidoro - disse o gerente.- Não sei se virei - respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.- O senhor diz isto, mas volta sempre - observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa. ¨   ( Moacir  Scliar)

 

 

APÓS A LEITURA

 

 Na sua opinião, por que o homem saía de casa todo domingo?

 

 Leitura silenciosa e levantamento de vocabulário.

 

 Que tipo de narrador o texto apresenta?

 

 Descrição das personagens a partir das pistas fornecidas pelo texto.

 

 Qual a relação do texto lido com a música “cotidiano”, de Chico Buarque.

 

 A situação apresentada na história poderia ser baseada em fatos reais? Por

quê?

 

 Você gostou do texto? Por quê?

 Em grupos faça uma dramatização do texto lido.

 

 

Cotidiano

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Todo dia ela diz que é pr'eu me cuidar
E essas coisas que diz toda mulher.
Diz que está me esperando pr'o jantar
E me beija com a boca de café.

Todo dia eu só penso em poder parar;
Meio-dia eu só penso em dizer não,
Depois penso na vida pra levar
E me calo com a boca de feijão.

Seis da tarde, como era de se esperar,
Ela pega e me espera no portão
Diz que está muito louca pra beijar
E me beija com a boca de paixão.

Toda noite ela diz pr'eu não me afastar;
Meia-noite ela jura eterno amor
E me aperta pr'eu quase sufocar
E me morde com a boca de pavor.

Todo dia ela faz tudo sempre igual:
Me sacode às seis horas da manhã,
Me sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã.

Referências bibliográficas;

BAKHTIN, M. M./VOLOCHINOV, V. N. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: Hucitec, 1992.

DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard et al. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (Francófona). In: ______. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2012. p. 35-60. 

Chico Buarque, “Cotidiano”

ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. In: Curso EaD/EFAP. Leitura e escrita em contexto digital– Programa Práticas de leitura e escrita na contemporaneidade. 2012.

SCLIAR, Moacyr. Pausa. In: BOSI. Alfredo (Org.) Conto Brasileiro Contemporâneo. São Paulo: Cultrix, s/d. p. 275-277.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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